A doutrina platônica da participação
No final de seus magníficos comentários ao diálogo Parmênides, de Platão (O Um e o Múltiplo em Platão), Mário Ferreira dos Santos registra quinze postulados a respeito da doutrina platônica da participação que, segundo ele, retamente compreendida, afirma o seguinte:
1) Que a participação platônica, entendida por Tomás de Aquino, é mais justa que as realizadas por outros filósofos que àquela se opõem;
2) que, para Platão, a participação não é por composição, mas por atribuição formal;
3) que entre a metexis platônica e a mimesis pitagórica há perfeita unidade;
4) que as formas platônicas têm uma subsistência formal dinâmica, no sentido de poder, na ordem do Ser, que é o Bem;
5) que as ideias de deficiência surgem dos graus intensivamente menores das participações e, portanto, não há formas negativas;
6) que nenhum ser finito pode ter uma perfeição absoluta, porque o imitante, por melhor que imite, jamais alcança a plenitude do imitado;
7) que todo ser participante é um ser composto, e, portanto, tem um número;
8) que as perfeições (já que todas as perfeições são positivas) estão em grau intensivamente máximo no Ser Supremo;
9) que o participante participa do participado proporcionalmente à sua natureza;
10) que a perfeição participada pelo participante não constitui, subjetivamente, o seu ser, mas sim a sua posse, que é gradativa. Deste modo, nenhum ser é a perfeição absoluta de uma forma, senão o Ser Supremo, que é a perfeição absoluta de ser;
11) que as formas não são subjetivamente singulares nem universais;
12) que as formas não têm uma localização, e os esquemas eidético-noéticos do homem são ainda um meio de participar a nossa inteligência das formas puras;
13) que o esquema in re, nas coisas, a forma nas coisas, é uma lei de proporcionalidade intrínseca delas, um logos da coisa, que imita o logos da forma pura;
14) que a Díada ilimitada permite a máxima determinação segundo a sua natureza (o Grande) e a mínima (o Pequeno);
15) que a mente humana não extrai a forma das coisas, mas apenas, pela abstração, constrói a forma que é noeticamente capaz de realizar, à semelhança da forma arquetípica.
Quando eu mesmo, com muito menos genialidade, registrar aqui algumas notas sobre a leitura do Parmênides, pretendo comentar esses postulados do Mário Ferreira dos Santos. Aguardem.
Olá Bruno,
Por favor, quando possível, traga mais de Mario Ferreira dos Santos.
Precisamos resgatar as obras desse que foi o maior filosofo brasileiro e sem dúvidas, um dos maiores do século passado.
Pretendo fazer meu TCC encima de alguma obra dele.
Grande Abraço!