La Beauté (Charles Baudelaire)
Je suis belle, ô mortels! comme un rêve de pierre,
Et mon sein, où chacun s’est meurtri tour à tour,
Est fait pour inspirer au poète un amour
Éternel et muet ainsi que la matière.
Je trône dans l’azur comme un sphinx incompris;
J’unis un coeur de neige à la blancheur des cygnes;
Je hais le mouvement qui déplace les lignes,
Et jamais je ne pleure et jamais je ne ris.
Les poètes, devant mes grandes attitudes,
Que j’ai l’air d’emprunter aux plus fiers monuments,
Consumeront leurs jours en d’austères études;
Car j’ai, pour fasciner ces dociles amants,
De purs miroirs qui font toutes choses plus belles:
Mes yeux, mes larges yeux aux clartés éternelles!
Tradução de Guilherme de Almeida:
Sou mais bela, ó mortais! que um sonho de granito,
E meu seio, onde vem cada um gemer de dor,
Foi feito para ao poeta inspirar um amor
Semelhante à matéria, isto é, mudo e infinito.
Reino no azul como uma esfinge singular;
Meu coração é neve e ao mesmo tempo arminho;
Odeio o que se move e faz o desalinho,
E não sei o que é rir, nem sei o que é chorar.
Os poetas, ante as minhas grandes atitudes,
Que aos monumentos mais altivos emprestei,
Consumirão o ser nos estudos mais rudes;
Pois para esses servis amantes reservei
Um puro espelho em que é mais bela a realidade:
Meu olhar, largo olhar de eterna claridade!
Declamação — projeto Thalie Envolée:
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