Uma Nova História da Música (Carpeaux): As Origens da Ópera e do Baixo-Contínuo; O Barroco: Monteverdi e a Ópera Veneziana

Esta postagem traz parte da seleção de obras musicais incluídas por Otto Maria Carpeaux no Apêndice B de seu livro Uma Nova História da Música (2ª Edição, revista e aumentada, Livraria José Olympio Editora). Acesse o arquivo inaugural aqui.

AS ORIGENS DA ÓPERA E DO BAIXO-CONTÍNUO

Jacopo Peri (1561-1633)

Sua música, e também a de Caccini, é o canto “homófono” (“monódico”). É a vitória do indivíduo sobre o coro; é o individualismo na música.

O novo gênero institui a soberania do cantor: é ele, o indivíduo, que está no centro, em vez do coro. Parece-se com o monarca absoluto, esse outro personagem centro do Barroco, podendo dizer: “La musique c’est moi”.

* Dafne (1597). Música feita sobre o libreto de Ottavio Rinuccini.

Giulio Caccini (1550-1618)

* Euridice (1600). Música feita sobre o libreto de Ottavio Rinuccini.

O BARROCO: MONTEVERDI E A ÓPERA VENEZIANA

Claudio Monteverdi (1567-1643)

Maestro de música na corte de Mântua; depois, regente do coro da basílica de San Marco, em Veneza; ordenou-se padre. Foi um homem altamente combativo, consciente de seu papel de revolucionário de uma arte multissecular.

Monteverdi tinha explorado a fundo a “verdade” da expressão; foi o primeiro que soube exprimir a tristeza, o desespero, a paixão, o triunfo. Seus precursores, a esse respeito, não foram os operistas florentinos, mas os madrigalistas: Marenzio e Gesualdo, sobretudo.

* Orfeo (1607). É a primeira ópera que merece esse nome. Os solistas dominam o palco: pela primeira vez, a expressão musical é realmente dramática; o sentimento, puramente humano. Em torno dos solistas cantam coros: mas não têm nada que ver com os coros a capela da época polifônica; já desempenham exatamente o mesmo papel como os coros numa ópera de Gounod ou Verdi. A orquestra que acompanha os acontecimentos musicais no palco — é a primeira vez na história da música, que aparece a orquestra; e é surpreendentemente numerosa, composta de uma multidão de instrumentos de cordas: os contemporâneos chamavam-na de “guitarra enorme”. A todos os respeitos é Monteverdi o criador da música moderna.

* Arianna (1608). Segunda ópera de Monteverdi; dela perdeu-se a partitura; só possuímos uma ária: o célebre Lamento d´Arianna [Lasciatemi morire…), que pertence até hoje ao repertório de todas as cantoras [e cantores] de concerto; salvou-se porque foi durante toda a primeira metade do século XVII a melodia mais cantada na Itália, nas cortes, nos salões, nas tabernas, nas ruas, assim como hoje um “sucesso” de música popular.

* Vesperae Virginis (1610). Escritas na maneira nova, terminam com uma Missa a capela para 6 vozes, em estilo palestriniano. Será que o compositor quis demonstrar aos inimigos sua capacidade de escrever no estilo “antigo”? Ou então, seria aquela Missa espécie expiação de um crime deliberadamente cometido, sinal de má consciência? Obra altamente convincente, de forte expressão religiosa. Para os contemporâneos de Monteverdi, foi mesmo “forte” demais. Nunca antes se ouvira música sacra assim, com maciço acompanhamento instrumental e com solistas, cantando árias de comovente dramaticidade. Motivo suficiente para o compositor fazer aquele gesto de penitência contrita. Monteverdi tinha introduzido na música sacra os modos e meios de expressão da ópera. É mesmo o verdadeiro criador do gênero.

* Incoronazione di Poppea (1642). Monteverdi teve a capacidade, assim como Verdi dois séculos e meio depois, de renovar-se na velhice. Essa obra é o fruto maduro de tantas experiências meio sucedidas. Tragédia musical o enredo — a suntuosa decadência moral do Império Romano — prestava-se especialmente para ser transfigurada em música pelo gênio de Monteverdi. Essa obra é a primeira música profundamente psicológica, representando “caracteres”, personagens dramáticos.

Marc’Antonio Cesti (1623-1669)

‘Progressista’, já lhe importa menos a verdade da expressão do que a beleza da melodia. Escreve árias.

* La Dori (1661). (Parte: Prologo della fama: Voi, che nobil sentiero) Sua ópera mais famosa.

Il Pomo d´oro (1666). Escrita para núpcias na côrte imperial de Viena.

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