Soneto da Terceira Margem
O terno carinho que brota de teu peito
Dá volta ao mundo e bate às portas da minha alma
Já tensa pela angústia mansa que, com calma,
Se perde em dores cegas sem qualquer proveito
Estás em tua canoa velha sobre o leito
Do rio imenso que é a vida que escolheste
Eu ouço a voz que chama como quem investe
Na tradição de um sonho que julgas perfeito
Porém, meu pai, vacilo e já não sei se devo
Tomar teu posto neste barco ensandecido
Em que repetes de ancestrais o argumento
Estreitas são as margens do sonho primevo
De que outrora desejei tomar partido!
Eu serei homem depois desse falimento?
Declaração do poema, por Roberto Mallet:
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