Se uma figura vai murchando, outra, sorrindo, se propõe
O Ministério da Educação anunciou nesta semana que promoverá “aulas de reforço” para universitários que ingressarem nas universidades brasileiras pelo sistema de cotas.
Sim, chegamos ao fundo do poço. Não parece mais sensato oferecer esse reforço, antes do vestibular, aos vestibulandos vitimados pela baixa qualidade do ensino público, justamente para que eles possam, por seus próprios méritos, ingressar na universidade?
Para melhorar o ensino no Brasil parece necessário reconhecer que toda a base da educação nacional, que predominou nas últimas décadas, deve ser esquecida. Mas a maioria dos educadores e “pensadores”, por assim dizer, da área está comprometida até o pescoço com a aplicação dessas técnicas de emburrecimento em massa: tem muita gente que ganha a vida remoendo, indo e vindo, sobre os temas de suas especializações, de mestrados e de doutorados na área. Não é exigível que essa massa de (anti-) pensadores reconheça que investiu suas vidas em um barco furado, rasgue o diploma e passe a plantar beterrabas e tomates no interior do país. É preciso muita humildade e honestidade intelectual para fazer isso. Simplesmente não temos, como sociedade, suficiente envergadura moral para tanto. Então é preciso esperar essa gente se aposentar e parar de escrever livros; até que seu silêncio seja pano de fundo para o assobio matuto dos coveiros. Oh! Pitágoras da última aritmética (…), infinita como os próprios números, a tua conta não acaba mais! Também será necessário que seus discípulos afundem nesse barco — ou se salvem a tempo.
No meio dessa turba insana há muitos professores abnegados e vocacionados, mas que raramente têm suficiente visão do conjunto; portanto pouco ou nada podem fazer no atacado, embora façam muita diferença no varejo. Seu sucesso, aqui e ali, dentro da sala de aula não deve nada, nada mesmo, segundo me parece, aos burocratas de Brasília.
Outra geração de educadores terá de ser formada sobre os escombros dessa que hoje prepondera, festiva, na formação, demorada e cara, de analfabetos funcionais.
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