Para ter vida intelectual é preciso ser uma pessoa virtuosa

Se você pretende entrar em uma vida de estudos precisa conhecer melhor como funciona a inteligência e para que ela serve. Veja bem: a inteligência é o instrumento do homem virtuoso, que pode melhor manejá-la. Isso porque a verdade e o bem crescem no mesmo terreno e se alimentam das mesmas raízes. Daí a importância de reconhecer cada pequena verdade, mesmo que a princípio ela lhe seja desagradável. Quando você pratica uma verdade que conhece se abre para verdades que não conhece.

A virtude é fundamento do saber. A moralidade é o princípio primeiro do qual dependem a verdade, a beleza, a unidade e até mesmo o ser. Como a verdade e o bem se alimentam da mesma raiz, se você é um homem que busca a virtude naturalmente você está se preparando para receber as verdades que você persegue através do seu estudo.

O ser humano pensa com a sua alma. Assim como a visão dos olhos, de um modo geral, depende da saúde do corpo, assim também a visão da alma depende da saúde da alma — depende das virtudes. O esforço de conhecimento exige atenção, para que você consiga dar foco às suas pesquisas, e julgamento, para que você dê o devido peso às informações que absorve. Ambas são prejudicadas quando as paixões tomam conta de você. Quando você consegue acalmar as paixões e direcioná-las a objetos adequados, suas faculdades intelectuais têm espaço para atuar.

As grandes intuições ocorrem para aqueles que têm a humildade de se colocar, diante da Inteligência Divina, como ignorantes que são.

E qual é a virtude própria do intelectual? A virtude própria do intelectual é a estudiosidade. Trata-se de uma temperança moderadora. Na sua vida de estudos, é preciso encontrar um ponto médio. De um lado há o risco de negligência — você não busca as fontes do conhecimento que pretende adquirir; e, de outro, há o risco da curiosidade exagerada — que muitas vezes nos leva a perder o rumo. O bom senso exige a temperança moderadora, que deve ser modulada de acordo com a sua condição de vida. Se você tem família, tem um trabalho que lhe toma seis ou oito horas por dia, não é sensato que você estude oito horas por dia. O recomendável, no começo, em qualquer caso, é que você estude duas ou no máximo três horas por dia.

Vá devagar no começo: é preciso entrar no mar pelos regatos, devagarinho, até ser capaz de enfrentar o mar infinito do conhecimento.

(Este texto é o terceiro comentário — de um total de vinte — ao livro “A Vida Intelectual”, de A.-D. Sertillanges.)

Assista ao vídeo:

https://www.youtube.com/watch?v=387fUTugjys

 

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