Para ler histórias da filosofia

Eu tenho me dedicado, nos últimos oito anos, a tirar o atraso e a suprir as evidentes lacunas da minha formação escolar e universitária. Alguma parte desse tempo foi gasta no estudo da Filosofia Antiga. Raramente eu ultrapassei, nas leituras genéricas de história da filosofia, os filósofos pós-aristotélicos (Epicuro, os cínicos, os estóicos, os ecléticos e os neoplatônicos). Propus-me, neste segundo semestre, a buscar uma visão geral de toda a filosofia através da leitura de duas obras de referência: A História da Filosofia de Giovanni Reale e Dario Antiseri, em três volumes, com consultas pontuais à História da Filosofia de Guillermo Fraile e Teófilo Urdanóz, em oito tomos.

Não foi uma má ideia. Porém, agora que já estou quase na metade do caminho, vejo que por mais que os primeiros autores acabem abordando, lateralmente, o contexto histórico geral de cada um dos filósofos e das escolas filosóficas, falta-me, como um tempero no prato que se quer saboroso, penetrar imaginativamente na substância dos acontecimentos históricos — dos quais a filosofia, em alguma medida (mas nem tanto quanto querem os marxistas), tira seus motivos. O estudo da história da filosofia parece exigir a posse prévia de uma boa dose de cultura geral (aí se incluem a literatura, a história das civilizações e, last but not least, uma certa experiência de vida). Sem isso, o estudo da história da filosofia corre o risco de se tornar vão e, em casos mais dramáticos, contraproducente.

Portanto, se você quer se aventurar na leitura da história da filosofia, certifique-se de que já possui suficiente cultura literária, não deixe de ter à mão bons livros de história das civilizações e faça, com a maior frequência possível, exames de consciência diários. Como já escrevi em outro lugar, o exame de consciência é uma excelente maneira de adquirir experiência de vida.

Related Articles

Respostas