Otto Maria Carpeaux: “Prefiro a companhia dos ateus à dos crentes”.
A Revista Bula publicou uma boa entrevista que Otto Maria Carpeaux concedeu em 1949 ao jornalista e escritor Homero Senna. Dela destaco o seguinte trecho, muito espirituoso:
Foi apresentado por Álvaro Lins ao público brasileiro como escritor católico. Ainda o é?
Pertenço à Igreja Católica; tudo o mais é questão de foro íntimo. Estou estranhando o “ainda”, embora compreenda os motivos da pergunta. Mas por mais que se abuse da Igreja para fins diversos, ela é que fica, fundamento e vaso das tradições cristãs, cuja indispensabilidade no mundo presente e futuro se me afigura tão certa como a citada inevitabilidade do socialismo… Mas não me compete defini-la. Não escrevo sobre teologia. Sou leigo, e os leigos gozam de liberdade maior do que pensa a gente extramuros. Não se conhece bastante, aqui, a liberdade dos católicos da França e da Alemanha ocidental. No resto, você me permita citar Chamfort: “Prefiro a companhia dos ateus à dos crentes. Na presença de um ateu ocorrem-me todos os argumentos filosóficos em favor da existência de Deus; na presença de crentes ocorrem-me os contra-argumentos”.
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