Laques, de Platão (por Edith Hamilton)
“Quando este diálogo é conjugado com o Lisis, o método pedagógico de Sócrates fica claro. Em ambos ele discute um tema que é perfeitamente familiar a todos os presentes, com o mesmo resultado. Por fim eles entendem que embora tenham sempre dado por pressuposto o conhecimento desse tema, não eram capazes de dizer de que se tratava justamente porque efetivamente não o conheciam. No Laques essa tema é a coragem, e a conclusão é mais surpreendente porque dois dos interlocutores são renomados generais, Laques e Nícias, e porque o último relata a grande coragem que ele viu Sócrates demonstrar no campo. Todos os três são exemplos evidentes daquilo que estão discutindo, mas isso não afeta a demonstração de Sócrates de que desde nenhum deles, ele inclusive, é capaz de definir o objeto da discussão, eles não têm dele um conhecimento real. Simplesmente agir corajosamente sem conhecer o que é a coragem é próprio dos ignorantes e inferiores. Pouco vale ser virtuoso sem ter uma ideia clara da virtude mesma — “Uma vida que não é examinada não merece ser vivida.” Ele diz então que o melhor é que todos os companheiros voltem para os bancos escolares em busca de serem educados. Ele próprio fará isso.
De todos os diálogos esse é talvez o de mais fácil leitura. O argumento é claro, os personagens vêm à tona com vivacidade, e em nenhum outro lugar Sócrates é apresentado de maneira mais encantadora.”
(Edith Hamilton, em Plato — The Collected Dialogues)
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