Invenção de Orfeu, Canto II, 1 (Jorge de Lima)

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Fonte: http://pregaioevangelhoatodacriatura.blogspot.com.br/

É preciso falar-se das criaturas,
verdadeiras criaturas animadas,
das vivências totais, arbítrio e tudo,
alma, corpo funesto e essa imortal

perpetuidade além, Deus nas alturas,
nomes de terra e nomes eternados,
anjos, demônios, sonhos acordados
e as profecias, fúrias, posses, tudo

que um poema pode ter: esse clamor
essa indefinição, esses apelos,
— sonho de rei Nabucodonosor,

que depois de refeito e decifrado
é a condição do bicho: carne, pelos,
e sangue breve do homem desgraçado.

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