Estudando Aristóteles: Categorias e Da Interpretação
Como disse no último post, começarei o estudo da filosofia de Aristóteles pelas obras a respeito da linguagem – o que se convencionou chamar Organon.
Desde a última vez que nos falamos, já houve uma modificação no planejamento inicial, que atualmente é o seguinte — os números se referem aos meses, de fevereiro a novembro:
1) Categorias e Da Interpretação
2) Poética, Retórica e Analíticos Anteriores
3) Analíticos Posteriores, Tópicos e Refutações Sofísticas
4) Metafísica
5) Metafísica
6) De Anima e Geração e Corrupção
7) Física
8) Ética a Nicômaco
9) Ética a Nicômaco
10) Política
A modificação foi a seguinte: a obra Da Interpretação, que seria estudada em abril, foi adiantada para fevereiro. Os Tópicos, previstos para março, passaram para abril. Analíticos Primeiros, prevista para abril, veio para março. Poética passou de fevereiro para março. Tudo isso visa a acomodar o estudo das obras naquilo que, segundo parte dos comentadores, seria uma ordem ideal de aprendizado.
Então, na primeira etapa deste estudo, neste mês de fevereiro, estou enfrentando os dois primeiros livros: Categorias e Da Interpretação.Não é minha intenção, nestes relatos, fazer um resumo das obras – isso demandaria mais tempo do que disponho hoje. Tenho feito muitas anotações que, algum dia, poderão se transformar em entradas deste blog ou até em um curso (provisoriamente planejado para se chamar algo próximo de “Filosofia da Linguagem: os Quatro Discursos de Aristóteles e o Trivium”). Por ora, entretanto, é tempo de estudar.
Como disse na última postagem, estou em meio a outras atividades inadiáveis: meu próprio trabalho na Procuradoria da República, a leitura de Moby Dick (que, devo reconhecer, não está fluindo) e, principalmente, o planejamento inicial do meu primeiro livro (que será sobre um tema jurídico relacionado à Educação — é o máximo que posso dizer sobre ele neste momento).
O método que tenho adotado no estudo de Aristóteles é o seguinte. Antes de ter acesso ao texto do próprio Aristóteles (que são “notas de aula” e, portanto, relativamente incompreensíveis a quem chega sem o equipamento necessário), antes de ler o próprio Aristóteles, eu dizia, tenho buscado acesso aos melhores comentadores que consegui encontrar nas duas línguas em que consigo ler fluentemente (Português e Espanhol). Os livros que li para uma primeira abordagem das Categorias e Da Interpretação são os que estão na foto que coloquei no início do texto:
Aristóteles para Todos, de Mortimer J. Adler. Obra introdutória, em linguagem para adolescentes. Apesar de ser aparentemente muito simplória, esta obra do Adler é uma boa porta de entrada para quem não tem muita familiaridade com a leitura de Aristóteles. Ao final, ele traz sugestões de leitura de trechos da obra do Filósofo, que podem ajudá-lo a se iniciar nesta árdua (porém, recompensadora) tarefa.
O Trivium, de Irmã Miriam Joseph. O Trivium não é exatamente um apanhado geral da Filosofia da Linguagem de Aristóteles, pois está fundamentado em diversas outras fontes. Porém, a leitura deste livro é de inestimável valor para quem quer entender do quê Aristóteles está tratando no seu Organon.
Historia de la Filosofia Grega, vol. III, de W. K. C. Gurthrie. É uma excelente obra. O autor faleceu antes de terminá-la, mas teve vida suficiente para chegar até Aristóteles. É imperdível. Você consegue adquiri-la através do site da Casa del Libro.
Curso de Filosofia Aristotélica, de Eduardo C. B. Bittar. Trata-se de comentários introdutórios a respeito de cada uma das obras de Aristóteles. O autor como que pega o leitor pelas mãos e vai explicando a maioria dos temas que serão enfrentados em cada uma das obras. Ajuda pouco, mas ajuda.
Aristóteles, de Giovanni Reale. Este é o quatro volume da História da Filosofia Antiga. Para esta fase de meus estudos, não está sendo de muita serventia (até porque eu já o havia lido anteriormente), mas para quem ainda não o conhece, vale a leitura.
Isagoge, de Porfírio. Trata-se de um clássico latino, que teve a pretensão de ser uma introdução às Categorias de Aristóteles. É uma obra que acabou tendo um toque autoral, mas é, sem dúvida, imprescindível.
Aristóteles, de Émile Boutroux. Assim como o livro de Giovanni Reale, não é tão útil nesta fase dos estudos, a não ser que você ainda não tenha lido.
Lógica para Principiantes, de Pedro Abelardo. É também uma boa introdução às Categorias de Aristóteles. De todos os livros que mencionei aqui, é o único que ainda não li. Como Pedro Abelardo é Pedro Abelardo, imagino que, assim como Porfírio, haja aqui muito de suas próprias tentativas de fazer filosofia. Seja como for, aparentemente é um texto que pode ter alguma utilidade.
Aristóteles, de Enrico Berti. Livrinho precioso, ideal para um estudo introdutório. Porém, parece-me que não é perfeitamente compreensível a quem ainda não teve contato com Aristóteles.
Além dessas obras, já tenho separando algumas outras, para os próximos meses. Ei-las (aqui apenas faço referência a elas — prometo comentar brevemente, uma a uma, em algum dos próximos posts):
Assim que terminar de fazer um apanhado geral nos comentadores, entrarei, já na próxima semana, depois do Carnaval, na leitura do texto das Categorias e Da Interpretação. Tenho cá comigo a edição em língua portuguesa da Edipro. Já ouvi críticas negativas a essa tradução. Por via das dúvidas, lerei as duas obras na tradução espanhola da Editora Gredos. Aparentemente, os volumes dedicados ao Organon, pela Gredos, estão esgotados.
Retornarei assim que terminar o estudo das duas primeiras obras, quando então tentarei fazer um apanhado geral de ambas, sem a pretensão de resenhá-las ou de escrever uma introdução à leitura delas.
Parabéns, vou deixar salvo esse post quem sabe um dia conseguirei fazer esse estudo também. Uma pergunta se puder, no livro do senhor irá abordar algo da educação domiciliar? homeschooling. Trabalho auxiliando mães que praticam a educação domiciliar e tenho muito interesse em entender a parte jurídica, se tiver indicações de livros por favor meu e-mail é: [email protected]
Olá Simone, seja bem-vinda. Sim, falarei sobre a Educação Doméstica. Mais informações, assim que o livro estiver “no forno”. Eu tenho algumas obras a respeito desse assunto. Todas em inglês. Na fanpage do meu site, no Facebook, há uma foto com duas pilhas de livros — alguns deles são falam de Educação Doméstica.
Olá, Bruno. Estava pesquisando algumas coisas sobre Aristóteles, e me deparei com essa apostila: http://www.olavodecarvalho.org/apostilas/pensaris1_1.htm
Sei que você é aluno do Olavo, e vi que a sua ordem é diferente à que ele propôs. Não sei se você já leu esta apostila, mas está aí de qualquer maneira. Abraço.
O senhor teria alguma orientação para o estudo da mitologia grega? Tirando os poemas épicos (Odisséia e Ilíada, Teogonia e Trabalho e Dias) e o teatro grego, é bem difícil achar os originais traduzidos, dos tantos outros outros mitos (achamos só, compilações modernas)… tem a questão da ordem cronológica dos mitos também, que não é tão clara. Tem alguma recomendação? Obrigado!
Olá, Bruno. Gostaria muito de saber como foi a evolução do seu estudo de Aristóteles, desde esse post. Também estou empreendendo esse estudo, usando algumas das obras que você elencou.